Fazia frio, aquele friozinho que quem conhece frio sabe que depois de 10min ele desaparece.
Ela chega do serviço e já vai trocar de roupa, isso mesmo, nem dá oi pra família direito, pq se o corpo lembrar que casa é igual descanso a corrida pode ficar pra amanhã. Então nem pensar em dar chance pra preguiça.
Põe a legging,o top e a blusa, um casaquito e um baton (muito importante), faz aquele alongamento bacana, bebe um suco, dá um tchau rápido pra família, vai comendo uma banana no caminho, isso mesmo sem parar, o boné vai colocando no caminho também.
Céu cheio de estrelas, pouco vento, perfeito.
A caminhada já vai dando ritmo e esquentando o corpo, na rua os carros frenéticos, horário de pico, gente com cara de cansaço em plena segunda-feira e eu dando graças por não estar dentro de nenhum veículo, andar me dar paz. Depois de 15min chego na Beira – Mar, Ô BELEZA!
Aí lá vou eu, começo firme, passos largos, coluna reta, vejo no chão cada 250m que deixo pra trás, logo já foram os primeiros 1000m, daqui a pouco mais 1000m, acerto a respiração e vou seguindo, daqui a pouco chego no terceiro quilômetro, aí começa o diabinho falando na cabeça ”Já ta bom, agora pode parar” Você não precisa mais que isso, suas pernas já estão cansadas”, ”Larga de ser tola, amanha você faz mais”. Automáticamente o ritmo cai, quase paro, mas não posso parar.
Fecho os olhos e me imagino no dia da prova, vejo a chegada lá na frente, nessa mesma hora retomo o ritmo, -Vai sua Linda! Forçaa! Acredita bunita! Uhulll, assim eu renasci naquele
momento, quase um EQM (experiência de quase morte) quando olho pro chão nem acredito: 4km. Paro, contente, feliz, realizada, olho pros mil metros a minha frente e digo- Me aguarde!
Faço o caminho de volta com um sorriso,cantando.
Quem me via assim nem entendia, só quem corre entende.